"Eu criarei um país onde o amor será rei, o amor será lei e tu será a rainha"
A primeira vez que ouvi essa música foi na aula de francês. A minha primeira impressão foi uma mescla entre a admiração e a repulsa. Admiração porque a interpretação de Jacques Brel tem uma força extraordinária; repulsa porque o tom melódico me levava a crer que se tratava de um “Pablo” francês (sic).
Depois a ouvi nas
vozes de Maysa, Edith Piaf, Frank Sinatra e, então, fiz-me a pergunta mais
óbvia: o que há nessa música para torná-la um clássico? Certamente não saberei
explicar suas especificidades musicais, apenas um pouco de sua história e de
seu conteúdo.
A força da
interpretação de Brel tem um motivo: a música cantada é a história de sua vida.
Conta-se que foi no Au Rêve, um bar nas redondezas de Paris, que Jacques Brel
teria composto essa canção, fruto de seu relacionamento extraconjugal com
Suzanne Gabriello, a “Zizou”. As histórias sobre o rompimento da relação são
várias, porém a mais provável tenha sido a de que Jacques Brel teria abandonado
“Zizou”, após saber que esta estava grávida. Zizou, conta-se, teria abortado e
sofrido de depressão. Jacques Brel, por isso, acrescenta que essa não é uma canção de
amor.
Um hino sobre a cobardia dos homens. É sobre o quão longe um
homem está disposto a ir para se humilhar a si mesmo. Eu sei, obviamente, que
esta música parece agradar a várias mulheres que deduzem, sem hesitação, que
esta é uma canção de amor. É reconfortante para elas; eu compreendo isso…
É
aí que aparece, a meu ver, onde está a maestria de Jacques Brel. Divulgada em
1959, em um contexto de quebra de tradições, a canção põe à mostra as
inquietações de um sujeito diante de si, de suas escolhas e de seus fracassos.
O sucesso da canção advém de seu contexto, de tantas pessoas compartilharem o
mesmo sentimento de amor e de frustração.
Eis
a letra:
Ne
me quitte pas
Il
faut oublier
Tout
peut s'oublier
Qui
s'enfuit déjà
Oublier
le temps
Des
malentendus
Et
le temps perdu
A
savoir comment
Oublier
ces heures
Qui
tuaient parfois
A
coups de pourquoi
Le
coeur du bonheur
Ne
me quitte pas
Ne
me quitte pas
Ne
me quitte pas
Ne
me quitte pas
Moi
je t'offrirai
Des
perles de pluie
Venues
de pays
Où
il ne pleut pas
Je
creuserais la terre
Jusqu'après
ma mort
Pour
couvrir ton corps
D'or
et de lumière
Je
ferai un domaine
Où
l'amour sera roi
Où
l'amour sera loi
Où
tu seras ma reine
Ne
me quitte pas
Ne
me quitte pas
Ne
me quitte pas
Ne
me quitte pas
Ne
me quitte pas
Je
t'inventerai
Des
mots insensés
Que
tu comprendras
Je
te parlerai
De
ces amants là
Qui
ont vu deux fois
Leurs
coeurs s'embraser
Je
te raconterai
L'histoire
de ce roi
Mort
de n'avoir pas
Pu
te rencontrer
Ne
me quitte pas
Ne
me quitte pas
Ne
me quitte pas
Ne
me quitte pas
On
a vu souvent
Rejaillir
le feu
D'un
ancien volcan
Qu'on
croyait trop vieux
Il
est paraît-il
Des
terres brûlées
Donnant
plus de blé
Qu'un
meilleur avril
Et
quand vient le soir
Pour
qu'un ciel flamboie
Le
rouge et le noir
Ne
s'épousent-ils pas
Ne
me quitte pas
Ne
me quitte pas
Ne
me quitte pas
Ne
me quitte pas
Ne
me quitte pas
Je
ne vais plus pleurer
Je
ne vais plus parler
Je
me cacherai là
A
te regarder
Danser
et sourire
Et
à t'écouter
Chanter
et puis rire
Laisse-moi
devenir
L'ombre
de ton ombre
L'ombre
de ta main
L'ombre
de ton chien
Ne
me quitte pas
Ne
me quitte pas
Ne
me quitte pas
Ne
me quitte pas.
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